domingo, 18 de maio de 2008

Aqui está a comunicação realizada no II Encontro Internacional A Pedagogia em Contexto de Lazer - Enriquecimento Curricular, dia 16 e 17 de Maio de 2008 na ESEC.

Parabéns à organização e aos participantes por terem sido muitos os momentos de aprendizagem.

EDUCAÇÃO COM AS PESSOAS, COM O CORAÇÃO:
Relação pedagógica na Pedagogia em Contexto de Lazer


Dina Isabel Mendes Soeiro
Escola Superior de Educação de Coimbra

disoeiro@esec.pt
http://apedagogiaemcontextodelazer.blogspot.com/


Resumo

A comunicação retrata os processos e os conteúdos que foram desenvolvidos na formação sobre a temática da relação pedagógica. Discutem-se formas de “fazer” educação: Com a(s) pessoa(s), Com o Coração! Trabalhando em conjunto, comunicando e, acima de tudo, amando!

Introdução

Quando respondo a alguém que me pergunta a profissão e digo sou professora, logo se segue a questão: “- Professora, de quê?”. Eu, normalmente, em jeito de provocação, respondo: “- De quem? Sou Professora de alunos!” Sim, sou professora de alunos: A Ana, o João, a Joana, a Raquel, a Carina… Alunos que são pessoas, que aprendem connosco e com os quais aprendemos. A relação pedagógica é, antes de mais, uma relação entre pessoas.

E assim foi pensado, planificado e trabalhado o tema, de forma aberta, porque as pessoas foram diferentes, os dias diferentes, as experiências diferentes, embora com muitas proximidades, a mais importante das quais, o objectivo: melhorar a relação pedagógica.

1. Conhecer e envolver as pessoas

Mais do que pregar sobre o assunto, a metodologia participativa utilizada pretendeu ser um exemplo. Conhecer as pessoas, envolvê-las foi o primeiro passo.

Mesmo quando há pouco tempo, é essencial procurar conhecê-las. Foi proposta uma apresentação por pares: cada pessoa procurou conhecer a pessoa que estava sentada ao seu lado e depois uma apresentou a outra a todo o grupo. Quando o grupo não se conhece, esta é uma forma de ajudar a integrar as pessoas porque são convidadas a conversar para se conhecerem.

2. O Humor como estratégia para motivar a discussão

Os humoristas Gato Fedorento criaram um vídeo intitulado: “Acabar com a violência nas Escolas”. A partir da solução drástica, mas eficaz, na perspectiva do vídeo, de solucionar a violência nas escolas, começou a discussão sobre as relações e os contextos pedagógicos. Muitos problemas foram debatidos, como por exemplo, a necessidade de comunicação, de motivação, de envolvimento, de afecto. Convidei que a cada problema pedagógico discutido fosse também discutida, pelo menos, uma solução. Não única, não milagrosa, mas como um contributo.

3. Participar e ajudar a levantar o céu…

Com um simples, mas importante, lençol azul, a simbolizar o céu, os participantes na formação deram vida a esta história:

“EMPURRANDO o CÉU para CIMA”

“Esta história dos índios americanos, começa com os habitantes da Terra a reconhecer que estão numa situação difícil.
Trata-se de uma adaptação de uma história que é contada pelos povos de Snohomish, do noroeste Pacífico.

Quando o Criador fez o Mundo, criou muitos povos e deu a todos eles línguas diferentes para falarem.
Os povos não podiam conversar uns com os outros, mas todos concordavam a respeito de uma coisa: não gostavam que o Criador tivesse posto o céu tão baixo, que as pessoas mais altas batiam com a cabeça no céu!
Um dia, os sábios reuniram-se e decidiram que deveriam levantar o céu mais para o alto. Eles conversaram horas a fio sobre como fazê-lo, até que, finalmente, conseguiram comunicar o suficiente para elaborar um plano.
Todas as criaturas da Terra se deveriam reunir e tentar empurrar o céu para cima. Assim, se todas empurrassem ao mesmo tempo, o céu subiria!
- Mas todos falamos línguas diferentes- recordou um sábio aos outros. - Como saberemos quando empurrar?
Os outros sábios conversaram durante horas e horas, até que chegaram a um acordo sobre como iriam dar o sinal uns aos outros.
Quando chegasse a hora certa para empurrar, decidiram que alguém deveria gritar: -“IA-HU”. Esta era a palavra que significava “toda a gente empurra para cima ao mesmo tempo”, em todas as diferentes línguas indígenas.
Os sábios contaram o plano a todos os povos. As pessoas cortaram gigantescos troncos de pinheiro, para usar como postes que empurrassem o céu para cima.
Logo chegou o grande dia! Todos os povos levantaram os seus postes, de maneira a que as pontas se encostassem ao céu. Então os sábios gritaram: -“IA-HU”! Toda a gente empurrou e o céu subiu um pouco. Eles gritaram novamente: -“IA-HU”. E toda a gente empurrou outra vez e o céu subiu mais um pouco. Os sábios continuaram a gritar: -“IA-HU”. E toda a gente continuou a empurrar ao mesmo tempo, até que o céu subiu tanto que ficou tão alto como está agora.
Depois daquele dia, ninguém mais, mesmo a pessoa mais alta do Mundo, voltou a bater com a cabeça no céu.
E até hoje, quando as pessoas estão a utilizar toda a sua força para realizarem juntas alguma tarefa difícil, ainda gritamos: -“IA-HU”!!!»
(adaptada de Fitzpatrick, 1998)

4. Reflectir sobre o que se faz

Depois de alguma actividade física e transpiração imaginária a levantar o céu seguiu-se a necessária discussão sobre a intencionalidade educativa da actividade anterior e a sua relação com a temática da sessão.
Falou-se da importância de dar importância às crianças, de comunicar de forma positiva com elas, da motivação delas para a aprendizagem. Foi lançado o desafio de criar contextos educativos mais ricos e apelativos, tal como os publicitários que criam o Natal desde Novembro. Foi também discutido o interesse da aprendizagem colaborativa partindo do conceito sócio-construtivista de Vigotski (1999, p. 112) de “zona de desenvolvimento potencial”, que significa a distância que separa a capacidade do sujeito para executar uma determinada tarefa cognitiva com a orientação ou colaboração de alguém mais capaz da capacidade para a executar de forma independente.
A discussão foi ao encontro da forma como os sábios da história resolveram a situação. Eles procuram maneiras de comunicar e trabalham juntos.

Em educação não há receitas. No entanto, acredito que é esta a melhor maneira para “fazer” educação: trabalhando em conjunto, comunicando e, acima de tudo, amando!

5. Um espaço nosso

Foi construído um blog: http://apedagogiaemcontextodelazer.blogspot.com/, para ser utilizado como um espaço de partilha para além do tempo e espaço da formação. Apesar do meu entusiasmo, a participação no blog contou apenas com duas importantes participações, faltam as vossas. Convido-vos a utilizá-lo. É nosso.


Bibliografia:

FITZPATRICK, J. (1998). Era uma vez uma família… Rio de Janeiro: Objetiva.
VIGOTSKI, L. (1999). A Formação Social da Mente. S. Paulo: Martins Fontes.

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